Coletiva de fotografia contemporânea: Anna Malagrida, Camila Sposati, Claudia Jaguaribe, Claudio Edinger, Érica Bohm, Enrique Radigales, Eve Sussman e Rufus Corporation, Flavia Junqueira, The Hilton Brothers, Joan Fontcuberta, Nazareno, Nicola Costantino, Ola Kolehmainen, Patrick Hamilton, Re
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Overview
Quando a fotografia surgiu como meio de captação imediata e reprodutível da realidade, o número de imagens dos lugares e paisagens selecionadas como “imperdíveis” se sucederam em um contínuo de álbums de viagens. Igualmente toda a burguesia retratada começou a organizar este material fotográfico em pequenos livros luxuoso; um catálogo familiar. Tanto estes, quanto os álbuns de viagens refletiam sobre uma realidade construída. As fotos dos principais monumentos do mundo eram uma selação para criar um gabinete de maravilhas que não refletiam a realidade completa. Assim como os retratos que se colocavam como cenários exóticos ao palacianos para outorgar charme a sua condição social. O engano da mecânica foi esquecido na procura de uma foto documental desenvolvida a partir do fotoperiodismo, durante as grandes guerras, nas imagens das áreas deprimidas e seus habitantes, para depois, assumida a fasidade da imagem e o papel seletivo do fotógrafo, dar categoria de arte a essa técnica; que iria além do mecanicismo.
Por isso, nessa coletiva buscamos oferecer uma visão desse manejo do subjetivo através da fotografia. Todos os artistas reunidos, cada um com sua sensibilidade, são criadores de cenários de uma forma mais ou menos sutil. A manipulação física ou psíquica, é fundamental na construção dessa subjetividade que põe a nossa frente um mundo inexistente como pretexto para discutir nosso mundo real e nosso papel frente a este. Esse é nosso álbum contemporâneo.
Cinco das propostas brincam diretamente com a criação fisica das cenas, com atores, máscaras ou fantasias que colocam o ponto de mira na ocultação do ego. Eve Sussman & The Rufus Corporation recriam o mito do rapto das Sabinas em ambientes que ressaltam a condição da mulher como troféu; Nicola Costantino se retrata encenando grandes obras da história da arte, em uma autoanálises; Flavia Junqueira transforma o espaço pelo acúmulo de objetos, neste caso balões, onde ela se expõe e se oculta, reiventando assim o espaço da lembrança; a dupla The Hilton Brothers, que ao contraporem as recriações dos retratos de Andy Warhol com flores de beleza espantosa, para nos falar do genêro e do mito; Ricardo Alcaide, que num percurso pela cidade de São Paulo faz do pedestre um “Transeuntes” ao posar por detrás de máscaras de bichos, detendo o tempo do transcurso diário e pondo em manifesto o niilismo da vida numa grande urbe.
O desenvolvimento tecnológico da mídia na era digital proporciona incontáveis recursos. Clauda Jaguaribe através do questionamento da convivência do homem na natureza, concretamente na assombrosa paisagem brasileira; Joan Fontcuberta com a representação de tópicos atuais como a pornografia constrói fisicamente, através das procuras na inernet, sua série Googlerama; ou a falsa ficção científica e paisagens veladas de Érica Bohm na qual a manipulação consegue transpor a temporalidade e são exemplos do uso do digital na invenção fotográfica.
Em outra linha de transofrmação, vários dos fotógrafos incidem diretamente nos elementos urbanos como assunto para o planejamento de questões de nosso lugar na sociedade. As colagens que criticam o poder das grandes corporações de Patrick Hamiltom; a industrialização do entorno no trabalho de Enrique Radigales ao fazer cortes a laser nas folhas de plantas; as vitrines veladas de Ana Malagrida, onde se nega o olhar no espaço da exposição mercantile por excelência; as intervenções tridimensionais que redefinem as relações espaciais do Tulio Pinto; as fumaças que transtocam temporalmente e cromaticamente o interior de um prédio paulistano de Camila Sposati, introduzindo o estranhamento no entorno doméstico.
Finalmente, existe a capacidade de incidir nosso olhar através da seleção do detalhe para nos confrontar com a ideia geral. Assim acontece com a série de brinquedos antigos escolhidos em diferentes garimpos por Nazareno, na perda de sua escala frente ao real e de sua contemporaneidade frente ao passado e da relação deste com a assimilação da infância. Com uma concretização conceitual, as polaroids (in)visiveis de Tom Lisboa trabalham a imagem fotográfica como origem da obra levando ao processo final à palavra como construtora do imaginário coletivo criado pelo uso da própria fotografia. Através do uso do foco seletivo, cada uma das imagens de Claudio Edinger são uma experiência de edição em si mesmas, aportando com a técnica a criação psicológica do espaço. Renata Padovan leva a realidade fotografada quase à abstração em um mapeamento dos territorios no qual aprofunda a relação homem natureza. Ola Kolhnmainem trabalha a composição de suas fotos minimalistas desde a plasmação do fragmento arquitetônico lhe outorgando individualidade com relação a sua origem e ao tempo em que foi tomada. Por último Taj Forer constrói estórias etnográficas através do acúmulo de fragmentos contrapostos no qual o objeto se torna símbolo.
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