THE CONSTRUCTION OF VOLUMETRIC INTERRELATIONSHIPS: COURTNEY SMITH & IVAN NAVARRO
“The Construction of Volumetric Interrelationships” dos artistas Courtney Smith e Iván Navarro e um projeto criado especialmente para o espaço do galpão da galeria na Barra Funda. Juntos examinam em uma grande instalação formada por uma seqüência interligada de ambientes o funcionamento dos espaços sociais e íntimos.
Courtney Smith é conhecida por suas esculturas baseadas em mobília e sua procura na construção física e psicológica dos espaços interiores através da desconstrução dos elementos que os habitam e Iván Navarro é mundialmente reconhecido por seu inovador trabalho sobre as implicações da transformação e transferência da energia elétrica em suas esculturas luminosas. Os dois artistas coincidem naturalmente na fixação com os objetos domésticos que rodeiam a vida humana, os quais simultaneamente descrevem e determinam a atividade social: versões e inversões de mesas, cadeiras e luminárias se repetem nos seus repertórios escultóricos. Na mostra conjunta na Baró Galeria, os artistas exploram a interseção de seus diferentes trabalhos pela construção de relações energéticas, criando esculturas híbridas aonde suas linguagens se convertem em uma só.
O nome da mostra é inspirada na escultura do artista belga George Vantongerloo “The Construction of Volumetric Interrelationships Derived from the Inscribed Square and the Square Circumscribed by the Circle”, 1921, que pertence a coleção Solomon R. Guggenheim exposta atualmente na sede da fundação em Nova York. Como membro do grupo De Stijl, com Mondrian e Theo Van Doesburg, a procura de Vantongerloo de uma arte pura através da abstração geométrica e os princípios da matemática se reflete na rigidez da sua linguagem. A pesar de Smith e Navarro compartilharem um grande fascínio pelos ideais formalistas, eles extraiam as palavras de Vantongerloo e as exponham fatalmente a sentidos metafóricos.
Courtney Smith desenvolve sua metade da exposição com uma serie de grupos de móveis colocados em pequenos ambientes, que poderiam se chamar de “quartos” no espaço aberto da galeria. Mesmo que os “quartos” estejam configurados segundo um formalismo geométrico cada um cumpre uma função emocional. O publico é convidado a entrar na instalação, passear de um quarto ao outro e ocupar os objetos que os compõem. Entre eles se encontram desde as elaboradas esculturas-móveis de Smith até peças encontradas ou emprestadas, misturadas com os trabalhos feitos em colaboração com Iván e incluindo também obras de outros artistas anônimos, resultando numa abordagem explicitamente anti-hierárquica.
Além de sua colaboração com a artista, Ivan Navarro apresenta outras 3 peças de sua mais recente produção focada nas intervenções estrangeiras nas ditaduras latino americanas.
O vídeo – também inédito – “Relay”, 2011 (revezamento em português), é uma re-encenação de uma entrevista verdadeira com o militar francês Paul Aussaresses, introdutor de técnicas de tortura com eletricidade no Brasil e no resto da América Latina, e mostra imagens de pessoas andando de bicicleta pelo Central Park de Nova York, usando jaquetas com as palavras FORGET, PAUSE, STAY nas costas, bordadas com luzes que acendem com a força da pedalada.
Navarro também convida seu irmão Mario Navarro para a exibição da obra “Cara Metade”, 2010, comissionada pela Fundação Louis Vuitton de Paris. Seis vitrines construídas com fundos de espelho e luzes que contêm objetos e jornais provenientes da França e do Brasil. A obra propõe uma reflexão política em referência a cooperação militar entre os dois países durante a década de 70, sobretudo em relação as táticas de torturas exportadas da França para América Latina através do Brasil.
No jardim da galeria será apresentada a obra site-specific “REJA”, 2011, composta por uma cerca desenhada em neon que estende o fio narrativo da instalação interior ao espaço exterior.
‘The Construction of Volumetric Interrelationships’ se apropria do legado contemporâneo e endêmico construído pelos artistas na universalização do debate entre política, arte e design em uma exposição que une estes dois artistas com as suas visões próprias
Courtney Smith (Paris, França 1966) artista franco brasileira, atualmente reside em Nova York. Fundamenta seu trabalho ao redor do conceito do móvel e sua relação metonímica com a forma humana e sua função. Cria esculturas manipuláveis de grande complexidade como “kits de construção” que podem ser re-configurados dentro de interiores ficcionais. Smith mostrou sua obra no PS1 MOMA, no Museo del Barrio e no The Museum of Art and Design de Nova York, no MAM do Rio de Janeiro e de São Paulo, no Museo Reina Sofia de Madri, Espanha, alem de outros museus e galeria nos Estados Unidos, Alemanha, Argentina, Portugal e Brasil.
O artista chileno Iván Navarro (Santiago, Chile, 1972) também radicado em Brooklyn, Nova York. Consagrou-se com um trabalho de raízes minimalista que usa matérias de produção industrial para construir objetos de grande força simbólica que invadem através de uma estratégia de simulacro o âmbito domestico. Suas esculturas de luzes neon, fluorescentes o incandescentes estão carregadas de um forte discurso politco-social mesmo que atuem como objetos funcionais, integrados no espaço físico em que se encontram. Sua obra tem sido mostrada em museus e galeria do mundo inteiro, destacando sua participação na 53 Bienal de Veneza no 2009, no MOCA Goldman Warehouse, Miami, no Witte de Witt, Rotterdam, na Caja de Burgos, Espanha, e no Towner Art Museum, Eastbourne, Inglaterra. Navarro está presente nas coleções Hirshhorn Museum and Sculpture Garden, Washington DC, USA; na LVMH Collection, Paris, França; e na Saatchi Collection, Londres, UK; entre outras.