MASSIMO VITALI
Uma imagem de uma praia no verão, lotada; não tem espaço entre uma cadeira e outra, entre uma toalha e outra, dispostas na faixa de areia entre o mar e a cidade; as pessoas caminham e se amontoam na beira do mar. A luz é branca, brilhante, não produz sombras; as cores saturadas salpicam a paisagem. É uma imagem captada de longe, quase asséptica, onde cada individuo é parte indissolúvel da massa.
Depois dessa praia, vem outra, depois uma cidade, um piquenique no campo, uma pista de esqui, uma discoteca… e em cada uma das ocasiões que Massimo Vitali clica sua câmara paralisa um instante do ócio contemporâneo adicionando mais uma fotografia ao nosso imaginário coletivo.
É desde 1993 que o fotógrafo italiano começara suas séries em grande formato que investigam o comportamento humano com o intuito de um análise social, através da repetição de uma mesma composição com sutis diferencias. Naquele ano Silvio Berlusconi tinha ganho as primeiras eleições presidenciais na Itália, e a curiosidade de como essa mudança tinha afetado o cotidiano fez Vitali começar a observar as concentrações de massas.
Tomadas com uma câmera de grande formato, as fotografias tem a imposição técnica de ter que serem feitas desde uma plataforma de vários metros de altura que aportam esse distanciamento e foco. A normalidade das ferias servem de desculpa para falar da falsa complacência, do ilusório senso de bem-estar, da mercantilização do ócio, da invasão da natureza, do conformismo vital, da sexualidade exposta, do hedonismo cínico. Muitas coisas estão acontecendo em esse instante e recolhem o melhor e o pior da sociedade ocidental. Uma paisagem de qualquer lugar, do “não lugar” aonde ficam expostos os caracteres humanos.
A Baró Galeria apresenta pela primeira vez no Brasil uma seleção da trajetória de Vitali, aonde além das renomadas praias inclui cenas urbanas de Barcelona e Florência. O conjunto recria o mundo do fotógrafo, lotado e irônico e propõe uma leitura de nosso próprio lazer e modos de vida.
Massimo Vitali (Como, Itália, 1944) vive entre Lucca, Itália, e Berlim, Alemanha. Estudou cultura clássica no Liceo de Milao para depois se formar no London College of Printing. Desde final dos setenta aos noventa desenvolveu sua carreira como repórter fotográfico, se focando a partir dos noventa na sua produção artística.
Vitali tem exposto suas séries por galerias e museus de todo o mundo. Suas obras estão presentes na Coleção Guggenheim, Foundation Cartier pour l´art contemporain e no Centre Pompidou d´Art Contemporain de Paris, no Arkem Museum na Dinamarca, no MMK Frankfurt am Maim na Alemanha, no Museum of Contemporary Art of Denver nos Estaudos Unidos, no Museo Reina Sofia de Madri, ou no MUSAC de León na Espanha.